
Antônio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto na sexta-feira (8) no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos
Segundo documento a que a TV Globo teve acesso, 12 PMs foram indiciados por organização criminosa, 1 por falsidade ideológica e prevaricação e os 3 envolvidos diretamente na morte por organização para a prática de violência.
A Corregedoria da Polícia Militar concluiu nesta terça-feira (15) o Inquérito Policial-Militar (IPM) que apurava a participação de policiais na escolta ilegal e no assassinato do delator do PCC Vinícius Gritzbach decidiu indiciar 16 agentes da corporação.
O empresário que delatou traficantes do PCC à Justiça e acusou policiais de corrupção foi morto com tiros de fuzil em 8 de novembro de 2024, em frente ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana. O crime foi gravado por câmeras de segurança.
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Segundo o documento a que a TV Globo teve acesso, 12 PMs foram indiciados por organização criminosa e 1 por falsidade ideológica e prevaricação.
Os três policiais acusados de envolvimento direto na execução do empresário foram indiciados por organização para a prática de violência.
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Esses três já haviam sido indiciados pela Polícia Civil por homicídio quintuplamente qualificado . O cabo Denis Antonio Martins (executor), o soldado Ruan Silva Rodrigues (executor) e o tenente Fernando Genauro da Silva (motorista) estão presos (veja mais abaixo).
No relatório final do IPM, a Corregedoria da PM pediu a manutenção da prisão preventiva de 14 policiais que já estão detidos no presídio Romão Gomes, na Zona Norte da capital paulista.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa dos indiciados.
Homicídio quintuplamente qualificado
Os policiais militares apontados como executores do assassinato de Vinicius Gritzbach foram indiciados pela força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) em 11 de marços deste ano.
Denis Antonio Martins (atirador), Ruan Silva Rodrigues (executor) e o tenente Fernando Genauro da Silva (motorista do carro) também estão presos no Presídio Romão Gomes da Polícia Militar (PM), na Zona Norte de São Paulo.
O indiciamento foi por homicídio quintuplamente qualificado pelas seguintes razões:
- Motivo torpe (para causar pânico e demonstrar o poderio de Organização Criminosa de âmbito nacional);
- Uso de meio que possa resultar perigo comum (utilização de armas de calibre restrito no aeroporto mais movimentado da América Latina, em plena luz do dia e horário de movimento);
- Por emboscada ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido (execução no desembarque do aeroporto, em frente à família da vítima);
- Assegurar a ocultação, impunidade ou vantagem de outros crimes;
- E com emprego de armas de fogo de uso restrito (fuzis calibres 7,62×39 e .556 NATO);
Segundo os investigadores, não há dúvidas de que os três PMs agiram com intenção de matar Gritzbach e assumiram o risco de matar e ferir outras vítimas ao atirarem com armas de uso restrito em frente ao maior e mais movimentado aeroporto do pais em número de passageiros e aeronaves. Um motorista de aplicativo foi morto por uma bala perdida durante o ataque contra o empresário.
Além disso, segundo a polícia, os policiais militares também responderão por “associação criminosa”. O Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) pediu ainda a conversão das prisões temporárias de Denis, Ruan e Fernando em prisões preventivas, sem prazo para saírem.
A investigação também deverá pedir as prisões preventivas dos mandantes do assassinato de Gritzbach (Emílio Carlos Gongorra, o ‘Cigarreira’, e Diego Amaral, o ‘Didi’) e do ‘olheiro’ do grupo (Kauê Amaral). Os três já tiveram as prisões temporárias decretadas e são considerados foragidos.
O inquérito está em fase de conclusão. São cerca de 5 mil páginas já produzidas.
A força-tarefa deve apresentar o relatório final do caso ao Ministério Público (MP) nesta próxima sexta-feira (14). Só o relatório já está com 500 páginas. Depois do parecer da Promotoria, o documento seguirá para a Justiça decidir se decreta as prisões dos envolvidos.
As investigações de outras pessoas que participaram de algum forma da execução de Gritzbach no aeroporto, como financiamento do crime e omissão na escolta do empresário, serão objeto de outro inquérito policial.
No último dia 27 de fevereiro, a Justiça tornou rés 12 pessoas, sendo oito policiais civis, por envolvimento com o PCC, lavagem de dinheiro, tráfico, corrupção e diversos outros crimes. A investigação tem ligação com o caso Gritzbach.
Segundo a investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, os acusados atuavam em conluio com o Primeiro Comando da Capital, usando a estrutura do Estado para favorecer a facção criminosa.
Além da denúncia, o MP pediu que os acusados paguem ao menos R$ 40 milhões em razão do “dano causado pelos crimes cometidos, bem como ao ressarcimento por dano moral coletivo e dano social”.
Enquanto os policiais garantiam a impunidade de criminosos e desviavam investigações, os “particulares” enriqueciam com atividades ilegais.
Segundo o MP, delegados e investigadores se uniram a criminosos para transformar órgãos como a Polícia Civil em instrumento de enriquecimento ilícito e proteção ao crime organizado.
A atuação do esquema na organização criminosa não se limitava a corrupção e lavagem de dinheiro. Os envolvidos também praticavam tráfico de drogas, homicídios e sequestros. Um dos exemplos citados na denúncia é o assassinato de Gritzbach.
Gritzbach delatou alguns dos denunciados. Veja abaixo quem são os réus:
- Ademir Pereira de Andrade
- Ahmed Hassan Saleh
- Eduardo Lopes Monteiro (investigador da Polícia Civil)
- Fabio Baena Martin (delegado da Polícia Civil)
- Marcelo Marques de Souza (investigador da Polícia Civil)
- Marcelo Roberto Ruggieri (investigador da Polícia Civil)
- Robinson Granger de Moura
- Rogerio de Almeida Felicio (policial civil)
- Alberto Pereira Matheus Junior (delegado da Polícia Civil)
- Danielle Bezerra dos Santos
- Valdenir Paulo de Almeida (policial civil)
- Valmir Pinheiro (policial civil)
A TV Globo tenta localizar as defesas dos citados para comentarem o assunto.
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Vinicius Gritzbach foi um empresário do ramo imobiliário investigado pelas autoridades por lavar dinheiro do PCC. Ele havia feito um acordo de delação premiada com o Ministério Público para não ser condenado por associação criminosa. Responderia somente pela corrupção.
Em troca, Gritzbach revelou os nomes das pessoas ligadas à facção criminosa e à polícia que extorquiram dinheiro dele. Essa investigação está sendo feita pela Polícia Federal (PF).
A apuração sobre o assassinato do empresário é conduzida pela Polícia Civil, especificamente pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa.
‘Cigarreira’ é apontado pela polícia como o principal mandante do assassinato de Vinicius Gritzbach. Segundo a investigação do DHPP e da Promotoria, ele contratou policiais para executarem a tiros Gritzbach.
Além dos seis investigados diretamente no plano da execução de Gritzbach, a força-tarefa prendeu 14 PMs que faziam a escolta particular do empresário. A corporação proíbe seus agentes de fazerem segurança privada, ainda mais para alguém ligado ao PCC.
Dez dos policiais militares foram indiciados pela Corregedoria da PM por suspeita de envolvimento com o crime organizado.
O g1 tenta localizar as defesas dos citados para comentarem o assunto.
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Infográfico mostra áreas do corpo de Antônio Vinicius Gritzbach atingidas por tiros — Foto: g1
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