Juntas, essas empresas somam um capital social declarado de R$ 12 bilhões — o que em uma conta simples dá uma média de R$ 5 milhões por empresa. Para ter registro nacional, é preciso mais de R$ 30 milhões, que é o preço da licença para operar no país. Mas as licenças estaduais são bem mais acessíveis, com o preço variando por estado.
Os CNPJs registrados em São Paulo concentram 64% do capital total, enquanto a média por empresa é maior no Distrito Federal: R$ 19,1 milhões por CNPJ. Esse capital social maior nas duas localidades indica ambições nacionais para as empresas. Já as regiões Norte e Nordeste concentram quase 40% dos cadastros de pessoa jurídica com CNAE de bets. Essa fatia equivale ao dobro da representatividade das duas regiões no volume total de CNPJs do país (19,4%).
“Se por um lado é bom pois é uma oportunidade de crescimento na área de tecnologia, por outro sabemos que esse é um mercado movido por uma exploração da população de mais baixa renda”, diz Rodrigues.
Uma parte expressiva desses CNPJs são filiais locais de empresas de bets estrangeiras. Dentre as empresas registradas para operar como bets, o volume de CNPJs que declara ter sede no exterior é três vezes maior do que em toda a base de CNPJs do país.
Uma explicação adicional para o crescimento expressivo do número de CNPJs é de que muitas empresas estejam se preparando para eventualmente operar no modelo white label, “alugando” a estrutura de empresas autorizadas. Esse modelo se popularizou com fintechs e operadoras virtuais de telefonia, que permitem a agremiações e times de futebol a terem seus “próprios” bancos e operadoras.
O número de CNPJs cadastrados para atuar com jogos de azar era de apenas 96 em fevereiro de 2020 e deu um saldo na pandemia: ao final de 2021, já eram 837. Em três anos, o volume cresceu 153%, para 2.113. E desde o início do ano, foram adicionados mais 99 CNPJs à base.