Declarações do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, durante o fórum criado pelo ministro Gilmar Mendes (STF), em Portugal, desagradaram a Jair Bolsonaro.
A interlocutores, o ex-presidente afirmou que Tarcísio fez um “discurso de presidenciável”, o que está fora do script que ambos combinaram em reuniões reservadas.
Nessas conversas, o governador prometeu estreitar diálogo com magistrados como Alexandre de Moraes para servir como “ponte” e tentar reduzir a resistência do Supremo ao ex-mandatário.
Com base nisso, a presença de Tarcísio no Gilmarpalooza foi aceita e até estimulada por Bolsonaro. Mas a postura adotada pelo governador surpreendeu o ex-presidente.


O governador Tarcísio de Freitas e o ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista
Isabella Finholdt/ Metrópoles

O ex-presidente Jair Bolsonaro
Vinícius Schmidt/Metrópoles

O ministro do STF Gilmar Mendes
KEBEC NOGUEIRA/ METRÓPOLES @kebecfotografo
Bolsonaro diz publicamente que ele próprio será candidato à Presidência, mesmo condenado à inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O ex-mandatário sabe que a chance de poder concorrer é mínima, mas mantém o discurso como parte da estratégia de defesa na ação penal na qual é acusado de golpe de Estado.
Bolsonaro alega que o Judiciário age com parcialidade por ser o representante da direita que melhor pontua nas pesquisas de intenção de voto. Quando Tarcísio se coloca como postulante ao Planalto, avalia, acaba por enfraquecê-lo politicamente e juridicamente.
No evento em Portugal, o governador foi anunciado como “presidenciável” na sexta-feira (4/7), falou que a diplomacia brasileira tem que se pautar pela neutralidade e abordou pontos da geopolítica global.
Tarcísio leva indireta de vice-prefeito
Neste domingo (6/7), o vice-prefeito de São Paulo, Mello Araújo, mandou uma indireta a Tarcísio durante postagem em rede social. Mello Araújo foi indicado pelo ex-presidente para compor a vitoriosa chapa de Ricardo Nunes nas eleições de 2024.
A eventual candidatura à Presidência de Eduardo Bolsonaro, um aliado “de sangue”, é colocada à mesa pelo ex-mandatário como forma de fazer com que o governador não concentre unicamente os holofotes do bolsonarismo.