Brasília dá as boas-vindas à Temporada França-Brasil 2025 nesta quinta-feira (21/8), com uma solenidade especial no Museu Nacional da República. O projeto, idealizado pelos presidentes Emmanuel Macron e Luiz Inácio Lula da Silva, celebra dois séculos de relações diplomáticas entre Brasil e França — e visa estreitar ainda mais os laços entre as nações.
A programação teve início ainda em abril, com eventos do Brasil em território francês. As atividades se estenderão até setembro. Já por aqui, serão mais de 300 atividades apresentadas pela França em 15 cidades até dezembro deste ano.
Este é o terceiro grande momento de intercâmbio cultural entre os países. Há 19 anos, em 2005, o Ano do Brasil na França mostrou um novo Brasil aos franceses. Já em 2009, o Ano da França no Brasil apresentou a criação contemporânea francesa aos brasileiros. Desta vez, a iniciativa almeja celebrar aquilo que as nações têm em comum: o vínculo com a democracia, a riqueza de suas diversidades e o comprometimento em comum a favor do clima.
A Temporada França-Brasil é uma colaboração entre o Instituto Guimarães Rosa e o Institut Français, com o apoio dos Ministérios da Cultura e das Relações Exteriores de ambos os países.
Em entrevista à coluna Claudia Meireles, Anne Louyot, comissária da nova Temporada França-Brasil, explica que os presidentes Macron e Lula decidiram estabelecer três prioridades quanto ao projeto. “Em primeiro lugar, a questão do clima e do meio ambiente, já que 2025 é o ano da COP30 em Belém. Em segundo, a diversidade cultural, algo que ambos os países têm. E, finalmente, a democracia e os direitos humanos, que são valores que os dois compartilham”, diz.
Entre os dias 18 a 20 de agosto, o Fórum Juventude e Democracia movimentou o Sesi Lab e o Espaço Cultural Renato Russo com diálogos entre 40 jovens franceses e 40 brasileiros sobre os desafios democráticos contemporâneos.
Já a cerimônia oficial de abertura da Temporada França-Brasil na capital federal, marcada para essa quinta (21/8), será prestigiada pelas ministras da Cultura da França, Rachida Dati, e do Brasil, Margareth Menezes; além do embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain; os presidentes do Instituto Francês Eva Nguyen Binh e do Instituto Guimarães Rosa, Marco Antonio Nakata; e dos comissários da Temporada, Anne Louyot (França no Brasil) e Emilio Kalil (Brasil na França).
No Museu Nacional, o público poderá conferir parte da exposição Nego Fugido, Memórias Quilombolas, que se estende também à sede da Aliança Francesa em Brasília. A mostra de Nicola Lo Calzo consiste em um projeto fotográfico colaborativo que documenta uma prática performativa viva na comunidade quilombola de Acupe, no Brasil, o Nego Fugido.

Solenidade especial no Museu Nacional marcou o início da Temporada França-Brasil 2025
Pedro Iff/Metrópoles
O público poderá conferir parte da exposição Nego Fugido, Memórias Quilombolas
Pedro Iff/Metrópoles
Bastidores do evento
Pedro Iff/Metrópoles
Às 18h15, a funambulista francesa Johanne Humblet, da companhia Les Filles du Renard Pâle, se apresentará no Complexo Cultural da República. “A artista vai caminhar em fio a 35 metros de altura estendido entre a Biblioteca Nacional e o Museu Nacional, acompanhada por músicos brasileiros, o que simbolizará a relação entre a França e o Brasil”, revela Anne Loyout.
“O fio representa também a fragilidade da democracia e dessa relação, além da necessidade do cuidado com ambos”, observa a comissária da nova Temporada França-Brasil.
A atração precederá a performance do grupo brasileiro Boi do Seu Toeodoro e, mais tarde, do show da cantora franco beninense Angélique Kidjo, que convidará para o palco as lendas brasileiras Daniela Mercury, Puma Camillê e Karla da Silva.
Em 23 de agosto, o festival de música CoMA agitará o Centro Cultural Banco do Brasil ao som de Kirá, Aluminé Guerrero, Ronisia e Sônge.
Programação pelo país
Segundo Anne Louyot, depois de Brasília, o projeto movimentará São Paulo nos dias 23 e 24 de agosto, com uma grande exposição de artistas africanas e afrodescendentes das diásporas na França e no Brasil no Sesc Pompeia. “À noite, será a vez de um concerto com músicos franceses e brasileiros”, afirma.
Já a Pinacoteca de São Paulo receberá a performance da coreógrafa brasileira Ana Pi, que mora na França, com oito jovens da periferia de Paris.
“Teremos várias exposições em torno da Bienal de São Paulo, no início de setembro, com 15 artistas franceses; e filmes da Cinemateca África, do Instituto Francês. Ainda, no Instituto Tomie Ohtake, haverá uma exposição sobre a coleção do poeta e ativista Édouard Glissant”, comenta.
A partir do dia 26, Belém entra no roteiro, com o fórum Conexões Amazônicas Museu Goeldi, além da abertura da Bienal das Amazônias, com artistas franceses.
Outras localidades brasileiras, como Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Recife e Fortaleza, também integrarão a programação.
“A Temporada França-Brasil 2025 significa o desejo de ambos os países de fortalecer suas relações. Estamos em um momento de tensões crescentes a nível internacional. Então, é importante mostrar que uma grande democracia da Europa, a França, uma grande democracia das Américas, o Brasil, querem fortalecer o laço de amizade para o melhor da humanidade e do planeta”
Anne Louyot, comissária da nova Temporada França-Brasil
Para saber mais, siga o perfil de Vida&Estilo no Instagram.