Petrobras avalia ampliar fatia na Braskem, mas sem estatizar


Informação das jornalistas Cynthia Decloedt e Talita Nascimento, na “Coluna do Broadcast”:

‘A Petrobras avalia aumentar a participação na Braskem e, com isso, garantir mais poder de decisão na companhia. A petroleira, segundo apurou a Coluna, não pretende fazer um movimento de estatização na petroquímica, mas quer estar perto de decisões importantes da empresa. Há incomodo na estatal em relação às movimentações recentes de venda da participação acionária de controle da Novonor (ex-Odebrechet) e de venda de ativos da petroquímica.

A indicação mais recente do descontentamento veio da entrada da Petrobras como interessada no processo aberto no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pelo empresário Nelson Tanure, que buscou o sinal verde da autarquia para uma possível compra de fatia na petroquímica.

Em sua manifestação, a Petrobras lembrou de seu direito de aquisição da participação da Novonor, previsto no acordo de acionistas. A Petrobras detém 47% das ações ordinárias (ON) e 36,1% do capital total, enquanto a Novonor controla a petroquímica, com 50,1% dos papéis ordinários e 38,3% do capital total.

A Petrobras foi comunicada da proposta não vinculante do empresário Nelson Tanure pelas ações da Novonor na Braskem pela imprensa. A princípio, a presidente Magda Chambriard foi receptiva à possibilidade. Mas o movimento de Tanure no Cade teria trazido desconforto. ‘Como alguém faz essas movimentações sem falar com o sócio? Só falam com a Novonor?’, disse à Coluna uma fonte próxima à estatal.

A Petrobras pediu então para ser incluída como terceira interessada no procedimento que avalia a possível compra das ações da NSP Inv, subsidiária da Novonor que detém o controle da Braskem, pelo empresário. O pleito foi atendido nesta semana.

As partes sentaram para conversar recentemente, segundo Magda afirmou a jornalistas, e o tom foi justamente o de que os sócios precisam ser respeitados no processo.

Outro ponto de desgaste recente se deu no início deste mês, com a notícia de que a Unipar manteve conversas com a Braskem para eventualmente fazer uma proposta pelos ativos da companhia nos Estados Unidos. Magda definiu a notícia como uma “surpresa ruim”. Uma segunda fonte que participa das discussões acrescentou que o movimento da Unipar ‘teve a pior reação possível da Petrobras, em todos os escalões’.

“Nós temos lá uma questão societária a ser resolvida, mas somos um sócio e não somos pequenos. Temos direito a veto desse negócio. Estranhei muito não dar ciência à Petrobras. O que fizemos foi oficiar a Braskem para sinalizar que os sócios estão aqui e não vamos deixar passar”, disse Magda na ocasião.

Tanure já sente os ventos contrários, não só na Petrobras, mas também nas dificuldades que envolvem chegar a um preço pela Braskem, dada a ausência de um acordo definitivo com o Estado de Alagoas relativo à indenização pelo acidente geológico em sua operação de sal-gema em Maceió.

A chegada de Tanure pegou também os bancos credores da Novonor e o mercado de surpresa. A conclusão tirada foi a de que Tanure poderia ser a solução para a Novonor vencer a barreira que surgiu na proposta de outros interessados em ficar com muito pouco – ou quase nada – das ações da Braskem após a venda.”



Fonte: TNH1