A Polícia Federal (PF) apontou indícios de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou a conta bancária da esposa, Heloísa Bolsonaro, para esconder dinheiro enviado pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e com isso evitar bloqueio dos recursos.
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A informação consta no relatório final, produzido pela PF e divulgado nessa quarta-feira (20/8), que indiciou o ex-mandatário e o filho pelos crimes de coação e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
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Segundo a PF, Eduardo utilizou a conta bancária da esposa “como forma de escamotear os valores encaminhados por seu genitor, utilizando como conta de passagem, com a finalidade de evitar possíveis bloqueios em sua própria conta”.
A análise dos dados financeiros, feita pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), identificou que, desde o início de 2025, Jair faz o repasse de recursos a Eduardo “de forma reiterada e fracionada, como forma de evitar o acionamento de mecanismos de controle legal, a partir da remessa de valores abaixo dos limites legais exigidos para o acionamento automático em sistemas de monitoramento bancário”.
Bolsonaro fez seis transferências em valores fracionados a Eduardo ao longo do ano, que totalizaram R$ 111 mil. Em 13 de maio, porém, o ex-presidente enviou R$ 2 milhões ao filho. Em depoimento à PF, no dia 5 de junho, ele confirmou o envio da quantia para “ajudar” o filho e negou tratar-se de financiamento de ato ilegal.
Porém, segundo os investigadores, Bolsonaro “omitiu informação à Polícia Federal em seu depoimento […] de que teria repassado outros valores a Eduardo”, além dos R$ 2 milhões revelados.
Após o recebimento dos recursos do pai, Eduardo fez duas transferências para uma conta bancária no Brasil da esposa: em 19 de maio repassou R$ 50 mil e em 5 de junho, dia do depoimento de Jair à PF, transferiu R$ 150 mil.
Segundo o relatório, tal ação não possui justificativa, já que Heloísa está morando com o parlamentar nos Estados Unidos.
Transferência para Michelle
Um dia antes de prestar depoimento à PF, Bolsonaro transferiu a mesma quantia (R$ 2 milhões) para a conta bancária da esposa, Michelle Bolsonaro. A corporação aponta que não houve explicação para tal movimentação financeira um dia antes do interrogatório.
A PF ressalta que o ex-presidente também realizou, entre janeiro e julho, seis operações de câmbio para obtenção de dólar, mesmo proibido de sair do Brasil por ordem judicial desde fevereiro de 2024.
Ao todo, teria movimentado mais de R$ 105 mil em câmbio, valor que “guarda correspondência” com o que foi encontrado na casa de Bolsonaro durante busca e apreensão feita em julho deste ano. Na ocasião, foram apreendidos US$ 13,4 mil.
A PF, portanto, entendeu que Jair e Eduardo “se utilizaram de diversos artifícios para dissimular a origem e o destino de recursos financeiros, com o intuito de financiamento e suporte das atividades de natureza ilícita do parlamentar licenciado no exterior”.