A invencibilidade caiu. O CSA foi derrotado fora de casa pelo Guarani por 1 a 0, no Brinco de Ouro, em Campinas, encerrando uma sequência de sete jogos sem perder. E, como já virou clichê no futebol, bastou um tropeço para surgir o coro do “ninguém presta”.
Mas futebol é jogo. E jogo tem leitura.
O CSA havia construído bons momentos nas últimas rodadas e, mesmo diante da derrota, é necessário contextualizar: o Guarani está em ascensão, venceu quatro dos cinco confrontos contra nordestinos e soube ler bem o jogo. O técnico Marcelo Fernandes repetiu o sistema com três zagueiros, transformando Emerson Barbosa num ala agressivo e liberando Cicinho para ser arma ofensiva pelo lado direito.
Foi justamente com Cicinho que surgiu o gol: aos 29 do primeiro tempo, após passe vertical de Alan Santos e assistência de Isaque, o lateral bugrino cruzou rasteiro. Bruno Santos ganhou na disputa com Betão e, mesmo com um leve toque de mão antes da finalização, a arbitragem não invalidou o lance. Era a primeira chance real da partida — e o Guarani foi clínico: uma chance, um gol.
Até ali, o CSA se defendia bem. Tinha um tripé de volantes pelo centro e controlava os espaços, mas não conseguiu transformar marcação sólida em contra-ataque com organização. A posse era até equilibrada, mas improdutiva. E aí entrou outro mérito do adversário: a capacidade de “picotar” o jogo com faltas, esfriar o ritmo e impedir qualquer tentativa azulina de criar continuidade. A leitura tática do Bugre foi de manual: agredir no primeiro tempo, fazer o gol e travar o jogo no segundo.
Higo Magalhães tentou mudar. Voltou do intervalo com duas alterações no setor ofensivo, abriu mão de um volante, buscou aproximação por dentro e colocou três atacantes. O CSA passou a ter mais volume territorial, mas esbarrou numa defesa bem postada, que não ofereceu espaços nem permitiu finalizações claras.
A verdade é que Andrey, goleiro do Guarani, não fez sequer uma defesa no segundo tempo. E isso diz muito sobre o jogo.
Não dá para ignorar que algumas peças estiveram abaixo do que podem render. Baianinho, Silas, Marcão, Ramon e Enzo oscilaram. Mas também é injusto ignorar o que já foi feito até aqui. A derrota, por si só, não apaga o crescimento recente nem o padrão que vinha sendo estabelecido.
O desafio, agora, é manter o equilíbrio: reconhecer o que falhou sem colocar tudo a perder.
Perder faz parte do processo — desorganizar-se após a derrota, não.