Após o ministro Alexandre de Moraes ser novamente citado pela Justiça dos Estados Unidos em processo movido por empresas de mídia, a Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou que consultou advogados americanos, os quais ponderaram que as empresas responsáveis pelo processo devem solicitar a citação do ministro âmbito de um pedido de cooperação jurídica internacional. O órgão aguarda o envio de documentos para defender o magistrado do Supremo Tribunal Federal (STF).
Moraes acusado
- Moraes tem sido acusado nos EUA de promover censura por meio de suas ordens judiciais. Segundo parlamentares norte-americanos alinhados ao governo do republicano Donald Trump, as ordens do ministro atingem empresas localizadas nos EUA e cidadãos que estão no país.
- Tudo começou após o ministro do STF suspender o X no Brasil, em 2024, depois de a rede social descumprir determinações judiciais em solo brasileiro.
- O ministro brasileiro é alvo de uma ação judicial apresentada pela plataforma Rumble em parceria com uma empresa de Trump. Elas pediam que não fossem obrigadas a cumprir ordens de Moraes.
- O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou, no dia 28 de maio deste ano, uma nova política de restrição de vistos para “autoridades estrangeiras e pessoas cúmplices na censura de americanos”.
- De acordo com Rubio, “estrangeiros que trabalham para minar os direitos dos americanos não devem ter o privilégio de viajar” para os EUA.
O pedido de citação de Moraes partiu de uma segunda ofensiva judicial proposta pela Trump Media — empresa do presidente dos EUA, Donald Trump — e pela plataforma de vídeos Rumble.
Segundo a AGU, apesar da nova tentativa de citação, nada muda no cenário jurídico por enquanto. Embora as empresas tenham indicado um endereço no Brasil para que Moraes seja citado, é necessário recorrer aos mecanismos legais internacionais de cooperação para que o país execute a eventual citação.
“De qualquer modo, nada acontecerá até que o clerk (diretor de secretaria) do tribunal analise e assine o mandado”, afirmou a AGU em nota.
O órgão também disse que está se preparando para intervir no processo nos Estados Unidos em nome do Brasil, já que Moraes é integrante de um dos Três Poderes da República e tem direito a essa representação.
Segundo a AGU, a defesa formal do ministro no caso foi solicitada pelo STF em 13 de março. O órgão ainda não apresentou manifestação no processo porque aguarda informações adicionais da própria Corte para concluir as minutas de defesa.



Ministro do STF Alexandre de Moraes entrou na mira dos EUA
STF/Divulgação

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos
Chip Somodevilla/Getty Images

Eduardo Bolsonaro com Cory Mills e Filipe Martins em
em Washington DC
Reprodução/X

O ministro Alexandre de Moraes acatou o pedido de Gonet e abriu novo inquérito contra o deputado
Rosinei Coutinho/STF
Processo
O ministro tem um prazo de 21 dias para responder a um dos advogados citados no documento.
As empresas acusam Moraes de ter desrespeitado leis norte-americanas e praticado censura ao determinar o bloqueio de perfis nos Estados Unidos.
A notificação diz ainda que, caso não haja resposta, será proferida uma sentença por falta de contestação por parte do acusado em relação à ação.
“Caso não responda, será proferida sentença à revelia contra você, com base na reparação exigida na queixa. Você também deverá apresentar sua resposta ou petição ao tribunal”, afirma o documento.
Intimado
No final do último mês de maio, o Ministério da Justiça e Segurança Pública confirmou que recebeu um ofício do governo dos Estados Unidos, que versa sobre a atuação de Moraes.
De acordo com a pasta, o ofício tem caráter meramente informativo e não resultará em qualquer encaminhamento no Brasil.
O documento nem sequer passou pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, e, segundo fontes do governo, o foi enviado do Departamento de Justiça dos EUA diretamente para o Ministério da Justiça brasileiro.