Momento em que o promotor mostra que os restos mortais da vítima couberam num caixão de criança. | Foto: Claudemir Mota / MPAL
O terceiro dia do julgamento dos réus Mary Jane Araújo Santos e Karlo Bruno Pereira Tavares, conhecido como “Bruninho”, acusados de envolvimento no assassinato da jovem Roberta Costa Dias teve início com atraso na manhã desta sexta-feira, 25, no Fórum de Penedo, interior de Alagoas. Os trabalhos se iniciaram com debates entre acusação e defesa….
O terceiro dia do julgamento dos réus Mary Jane Araújo Santos e Karlo Bruno Pereira Tavares, conhecido como “Bruninho”, acusados de envolvimento no assassinato da jovem Roberta Costa Dias teve início com atraso na manhã desta sexta-feira, 25, no Fórum de Penedo, interior de Alagoas. Os trabalhos se iniciaram com debates entre acusação e defesa. Cada parte teve duas horas e meia para apresentar suas teses. Depois, houve réplica e tréplica, o que somou mais quatro horas.
Após estas etapas, os jurados pediram que alguns documentos periciais fossem lidos novamente para sanar algumas dúvidas. Somento no final da tarde, eles se reuniram na sala secreta para responderem a quesitação (marcação dos itens os quais considera se os réus são inocentes ou culpados).
Terceiro dia do júri popular dos suspeitos de matar Roberta Dias
São quatro crimes em julgamento para cada réu: homicídio triplamente qualificado — motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima — ocultação de cadáver, aborto provocado por terceiro e corrupção de menores.
O promotor Sitael Lemos, responsável pela acusação, reforçou os impactos emocionais da perda de Roberta, que estava grávida de três meses à época do crime, e ressaltou sua coragem ao manter a gestação:
“Então, em memória da jovem Roberta Dias e de seu bebê, deixo aqui meu carinhoso abraço à sua senhora [mãe de Roberta], ao seu esposo, que está sempre ao seu lado lhe dando apoio emocional. E aos seus convidados, que aqui demonstram seu suporte primordial, fiquem certos de que a sociedade — como normalmente aqui é registrado — não faltará com a justiça em relação à nossa saudosa Roberta Dias. Temos confiança”, afirmou o promotor.
O promotor explicou também que fez um aditamento à denúncia original para tentar acrescentar mais uma qualificadora, que seria o feminicídio. Mas, não foi aceita pois a lei do feminicídio veio depois do crime.
Confissão e estratégia de defesa
No segundo dia de julgamento, Saullo de Thasso Araújo dos Santos — ex-namorado de Roberta e pai do bebê — confessou ter planejado e executado o assassinato sozinho, isentando a mãe, Mary Jane, de qualquer envolvimento.
“Conveniente e estratégica para a defesa de Mary Jane”, avaliou o Ministério Público sobre a confissão de Saullo, que tinha 17 anos à época e hoje tem 30. Por ser menor de idade no momento do crime, ele não responde criminalmente no júri, tendo sido julgado na Vara da Infância e Juventude.
Segundo o depoimento, Karlo Bruno só teria tomado conhecimento do crime no momento da execução. A fala de Saullo será analisada pelo MP para apurar se é uma estratégia para inocentar Mary Jane.
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As investigações apontam que Mary Jane, contrária à gravidez da vítima, teria planejado o crime e contratado Karlo Bruno para executá-lo. Saullo à época adolescente, não é acusado no processo.
Roberta desapareceu em abril de 2012, após sair para uma consulta médica. Segundo a denúncia, ela foi levada para um local deserto e morta por estrangulamento com um fio automotivo. O corpo foi enterrado em uma cova rasa. A ossada só foi localizada nove anos depois, em uma área de difícil acesso no litoral de Piaçabuçu.
Clamor por justiça
Família de Roberta Dias acompanha o júri muito emocionada | Foto: Claudemir Mota / MPAL
Do lado de fora do Fórum, a família acompanhou atentamente o julgamento. A sentença deverá ser anunciada ainda no dia de hoje.
O caso
Roberta Costa Dias desapareceu em 11 de abril de 2012, quando tinha 18 anos. O motivo do crime seria a criança que estava esperando do filho de Mary Jane. Saullo, com quem Roberta teve um relacionamento, tinha 17 anos e a gravidez era indesejada por sua família. Ele e a mãe teriam atraído a vítima para uma rua nas proximidades do posto de saúde na cidade de Penedo, onde a jovem faria exame pré-natal.
A família da menina chegou a oferecer recompensa de R$ 5 mil para quem fornecesse informações que levassem ao seu paradeiro, mas seus restos mortais só foram localizados em 2021, nove anos após o crime, na Praia do Pontal do Peba, na cidade de Piaçabuçu.
Foi a mãe dela que, após saber que um crânio foi localizado naquela região, providenciou uma escavadeira para recolher os restos mortais da filha. Pouco depois, a polícia foi chamada e acionou a Perícia Oficial, que comprovou, após realização de exame, que se tratava, de fato, de Roberta Dias.
Após o desaparecimento de Roberta Dias, seu pai e seu avô também foram executados. A polícia nunca estabeleceu se os crimes estavam relacionados. A sogra da vítima foi apontada como autora intelectual do crime, chegou a ser presa, mas foi posta em liberdade posteriormente.
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