Serviço de inteligência da PM é responsável pela apreensão de meia tonelada de drogas em 2025


Domingo, 23 de março, dia de alto fluxo de veículos nas imediações da Praia do Francês, em Marechal Deodoro. Entre centenas de automóveis que passavam pela AL‑101 Sul, um foi interceptado por equipes policiais. Dentro dele, mais de 130 quilos de entorpecentes foram encontrados, resultando na maior apreensão de drogas feita pela PM em Alagoas no ano. Agora você se pergunta: como, em meio a tantos carros, aquele foi identificado e parado? A ação foi resultado de um levantamento feito por membros do setor de inteligência da Polícia Militar. Longe dos holofotes, eles apostam em tecnologia e eficiência para descobrir informações que auxiliam o serviço das guarnições nas ruas.

Criada a partir do decreto n.º 93.446, publicado em setembro de 2023, a Diretoria de Inteligência da PM‑AL (DINT) é responsável por planejar e executar ações policiais contra criminosos de alta periculosidade que atuam no estado. O trabalho envolver, principalmente, o levantamento de informações, com o auxílio de sistemas informatizados de buscas e monitoramento. Por se tratar de uma atividade sensível, seus membros, embora sejam militares de carreira, não usam o fardamento tradicional do restante da tropa; suas identidades são preservadas e os veículos utilizados nas ações de busca e coleta de dados diferem daqueles da frota do serviço ordinário. Conhecidos como “P2” — nome que faz referência à 2ª Seção do Estado‑Maior (antiga nomenclatura da inteligência da PM) —, eles são fundamentais para os excelentes índices criminais no estado.

De acordo com o diretor da DINT, tenente‑coronel Thiago Duarte, as ações que envolveram o Sistema de Inteligência da Polícia Militar de Alagoas resultaram na apreensão de mais de meia tonelada de drogas nos quatro primeiros meses de 2025. Além disso, 110 armas de fogo foram retiradas de circulação a partir de informações obtidas pelos agentes de inteligência. Os números são reflexos do trabalho de integração entre o núcleo da DINT e os militares da P2 dos batalhões.

“Todas as agências de inteligência da PM‑AL fazem parte do Sistema de Inteligência da PMAL (Sipom). A DINT é o satélite do Sipom responsável por prover os meios para as agências funcionarem e estabelecer a doutrina a ser executada. Dessa forma, coordenamos todas as demais agências da corporação. Com a padronização dos métodos, conseguimos alcançar os alvos com mais eficiência”, destacou o diretor Thiago Duarte.

Como se organiza a DINT

Atualmente, a Diretoria de Inteligência conta com cinco subsetores. Três deles são direcionados ao público interno. A secretaria é responsável pela produção e recebimento de documentos de interesse da DINT. A seção de planejamento e doutrina tem a missão de promover instruções e capacitações ao efetivo da PM‑AL. O núcleo de identificação e registros trabalha com a produção das carteiras de identidade militares, conhecidas como RGPM; Junto a isso, seus profissionais são responsáveis pelo registro e pela liberação de armas e demais produtos controlados pelos policiais alagoanos.

Os outros dois departamentos são responsáveis por todo o trabalho de levantamento de informações relevantes e pela execução das operações de inteligência junto às unidades. A Coordenação de Análise tem a missão de produzir o conhecimento que facilitará o processo de identificação e prisão dos criminosos. Em termos práticos, foram os agentes de inteligência desse ramo que descobriram, por meio de sistemas de monitoramento e buscas, o modelo do veículo e a identidade do ocupante que realizava o transporte da carga de drogas apreendida em março, em Marechal Deodoro. Somado a isso, o núcleo também é responsável pela contrainteligência, área de proteção à integridade da estrutura física e virtual da PM‑AL contra possíveis ameaças de suspeitos.

Com base nas informações organizadas e filtradas, a Coordenação de Operações começa a planejar e executar as ações policiais contra os criminosos monitorados. Segundo o tenente‑coronel Duarte, as intervenções acontecem quando o alvo se encontra vulnerável e com baixa capacidade de reação. Além disso, o oficial destaca que a escolha da equipe policial que atuará junto aos elementos de operações depende de fatores externos, como localização do suspeito ou destino do material ilícito.

“No caso da droga apreendida na Praia do Francês, contamos com a colaboração de militares do 5º Batalhão, já que, segundo as informações levantadas por nossos colaboradores, a droga teria como destino o Conjunto Carminha, localizado no Benedito Bentes, área de atuação da unidade”, explicou o militar.

Doutrina disseminada

A atividade de inteligência vem se tornando uma ferramenta eficiente no serviço policial. Desde 2022, o setor vem investindo no compartilhamento direcionado de suas metodologias ao efetivo, por meio da criação de duas capacitações: o Curso Básico de Inteligência (CBI) e o Curso de Operações de Inteligência (COI). O primeiro é voltado a instruções introdutórias às doutrinas de produção e fluxo de informações. Já o segundo reúne mais de 100 horas de instruções sendo direcionada às técnicas adotadas em operações policiais sigilosas.

As capacitações se tornaram referência nacional, contando com a participação de formandos das polícias militares do Piauí, Ceará e Bahia, além de membros de outras forças de segurança, como a Polícia Civil, integrantes da Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris) e da Polícia Rodoviária Federal.



Fonte: TNH1